terça-feira, 12 de abril de 2011

Nada é feito...

É inevitável,
O choro,
Latente,
Corrói,
Quente,
Mata.

Rasgo o peito,
Nada é feito...

É irremediável,
Na contramão,
O sufoco,
Aperta,
O louco,
Morre.

Estilhaço o peito,
Nada é feito...

Nada é feito,
Mata,
Nada é feito,
Morre.

Tudo corre...
Tudo morre!

Segue

Vida que segue,
Ao lado,
De que lado?
De dentro,
De fora,
Segue vida!

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Uma pinga, uma marica e um cobertor fétido

Não leve nossa conversa para o lado da galhofa, o papo é sério! – falava nervoso ao comparsa, enquanto acendia a marica. A noite havia sido tensa, uma correria só. Depois do assalto, efetuado na região da praça da rodoviária, a fuga insana pelas ruas que rodeiam a Paraná, o descanso, embaixo do viaduto, era merecido.

Um trago de pinga, um trago na marica, o cobertor fétido o aquecendo e agora, por mais absurdo que poderia ser, aquela discussão idiota.  Quem ficaria com o prêmio da corrida ilegítima? Ele que percorreu grande parte do percurso com os gambés em seus pés, ou o parceiro que apenas ficou olhando na esquina da Afonso com Caetés?

Mais um trago na pinga e na marica, a vista acinzentou-se. Um leve tremor em suas mãos. A vida esvaziava diante de seus olhos. A chuva lavava e levava o rubro líquido escorrendo ao lado. A discussão acabou...