segunda-feira, 29 de março de 2010

Às vezes

Às vezes tenho medo,
Quase sempre saudades,
De quando em vez tesão,
Às vezes...

Às vezes acho que errei,
Nem sempre vejo verdade,
Tem dias que acho que acertei,
Às vezes...

Às vezes te amei,
Toda vez amizade,
Noutras odiei,
Às vezes...

Às vezes sorri,
Às vezes nem sei,
Às vezes vivi,
Às vezes... às vezes

quarta-feira, 24 de março de 2010

O beijo foi dado

O sinal é fechado, o carro parado,
O amigo atrasado, no local indicado.
A porta é aberta, pessoa certa.

O assento ocupado, um beijo roubado,
O cara ao lado, fica espantado,
Olha de lado, nos acha veado,
Pobre coitado, não é amado...

O amigo sorriu, o outro nem viu,
O sinal abriu, o cara seguiu,
Preconceito surgiu, e ninguém viu...

O amor

O amor não tem cor,
Muito menos dor.
É a vivência,
Cheio de paciência.
Ficar ao seu lado,
Mesmo calado.
É sentir o teu corpo,
É te dar o meu corpo.
Cheirar tua boca,
Deixar-te louca.
Ele é você,
Sou ele,
Somos nós.

Sertão

Venho pelo sertão. Aqui o mundo é diferente do que vivo dia após dia. O coração vive sempre quente. A água normalmente é ardente.

Um vaqueiro trajado de couro me aparece ao longe. Pele queimada, chapéu de couro, semblante sofrido. Com poucos dentes inteiros na boca, sorri! Sorri um sorriso só dele. Sorriso que me consome e mostra o valor da vida que não dou.

Pés descalços, mãos calejadas, corpo quebrado. Com a força de quem tem que brigar cada dia pela sobrevivência, ele passa por mim. Foi feliz e confiante.

Ao longe se vai o sertanejo vaqueiro...

terça-feira, 23 de março de 2010

And follow the way!

Sem sal,
Insosso.

Assim vou levando a vida, nem amarga a vida é para mim...
Sem gosto... sem convicção da certeza...
Sem poder de me aventurar, sem estímulo a experimentar...
Apenas vivendo, um dia, uma semana, um mês.

Superficial,
Robótica,
Automatizada,
Normal!

Limpa como lençol branco saindo da máquina de lavar.
Assim, sem mácula nenhuma... sem erros... sem falhas... sem vida.

So, I follow the way!

obs.: Texto escrito por Hector Barbosa

segunda-feira, 22 de março de 2010

Confissões, confusões

Ultrapassando o limite da vida e da sobrevivência, fico tentado a entrar em teu corpo. Quem sabe assim não consigo desvendar milhares de segredos milenares? Mas... nem tudo são flores, muito menos amores, quiçá dores. Nem martírio, nem escravidão e muito menos heroísmo. Tudo é um emaranhado de coisas e pensamentos perdidos e achados de lado. Lado de casa, lado da cama, lado direito, lado esquerdo... lado de cá e de lá. O silêncio chega e afeta a escuridão. Cegando de vez a claridade olfativa do universo descontraído que encontro no fundo do copo de cachaça. O álcool desce, arranha, entra em minhas entranhas e me deixa cada dia mais sacana. Sacana ao ponto de te amar e no outro dia te matar. Matar de desejo, de ensejos, de desprezo. Mas mato! Nasci assim, minto, fiquei assim. Depois de viver no meio do olho do furacão que não tem calma. Onde tentava encontrar a paz que um dia sumiu e virou esta confissão mental diluída com um pouco de confusão mental. Nada mais...nada mais. Nem paz, nem audaz, nem mesmo a cola Tenaz. Colar com cola o resto que ainda sobra da minha dignidade humana de pessoa que sou. Sou, seu , meu, teu. Levanto a cabeça e encontro você me analisando, alisando, obcecando. Levanto e vou embora.

quinta-feira, 18 de março de 2010

Queria

Eu queria estar ao seu lado. Abraçar-me em seus abraços, beijar os seus beijos, aproveitar o meu corpo no seu corpo. Explorar cada pedaço da minha intimidade, aproveitando toda a sua intimidade molhada.

Eu queria que o agora fosse o amanhã à noite, e que o amanhã a noite sempre fosse o amanhã à noite.

Eu queria estar ao seu lado do meu lado.

Ah eu queria!

Olho azul

"Meu olho azul
é negro diluído
Racismo é um rio poluído.

Eu sou branco
orixá me abençoou
Se me chamar de negro
Vou falar que eu também sou.

Eu sou negro
Orixá me abençoou
Se me chamar de branco
Vou falar que eu também sou.

Limpa o rio.
Limpa o mar.
E viva a diferença! "

Fonte: Música: Olho Azul
Autor: André Abujamra

quarta-feira, 17 de março de 2010

Falta-me

Faltam-me forças para firmar o pé,
Falta-me luz para seguir em frente,
Falta-me vida para sorrir.

Falta-me eu,
Falta-me tu,
Falta-me nós!

p.s.: Para meu amigo Divino, ou seria Divino amigo?

terça-feira, 16 de março de 2010

Sentindo Lupicinio

“Nunca, nem que o mundo caia sobre mim. Nem se Deus mandar, nem mesmo assim. As pazes contigo, eu farei.” – Ele seguia a rua em direção a sua casa cantarolando...

Descia a Salinas pensando na amada que o havia feito de otário. Como ela pode fazer isto comigo? – se perguntava entre os suspiros mais profundos de tristeza e decepção. Mais um trago do whisky barato descia arranhando a garganta.

A cada esquina um choro. A cada golo um consolo!

O telefone toca e ele, bêbado, vê no visor o telefone da tão infiel mulher. Não pensa duas vezes antes de desligar. Telefone desligado e mais um trago goela abaixo.

Suspiro de dor. Suspiro de amor. Suspiro... Mais um golo do whisky falsificado goela abaixo.

O orgulho ferido, a dor sentida, o sexo roubado. A roupa molhada da chuva e da vergonha sentida ao vê-la com outro na esquina maldita da Contorno com Andaluzita.

“Saudade, não esqueça também de dizer. Que é você quem me faz adormecer. Pra que eu viva em paz”.

Na última esquina, no último poste o último golo. Encontra o portão do prédio e ali mesmo adormece na chuva que limpa sua alma, com o álcool que desinfeta o seu corpo.

Um último suspiro... a última vida.

segunda-feira, 15 de março de 2010

Veralice

Ninguém neste mundo conseguia entender a chatice de Veralice. Mulher com seus vinte e poucos anos, solteira, bem sucedida, carro próprio, casa quitada e principalmente chata. Chata ao extremo! Talvez seja a solteirice de Veralice, que a tornava tão chata.

- Veralice, deixa de tolice, para com esta chatice – dizia a mãe todo dia que ela ligava para reclamar da vida.

Mas Lice chatice não mudava. Entra ano e passa ano, continuava chata.

- Vera minha princesa pare com esta chateza! – Dizia o irmão mais novo.

Mas que nada!, nem ligava para o quê o irmão falava. Continuava chata.

E os dias passaram, os anos se foram e Veralice... morreu!

Chata até para morrer, mas morreu de tristeza!

sexta-feira, 12 de março de 2010

Mineiro de coração

Sou homem com o pé no chão,
Aqui ou no mais belo sertão,
Sertão de minha vida,
Da minha Minas querida.

Não me roubem o espírito,
Nem me tomem a liberdade,
Pois são neles que acredito,
Esta é a minha verdade.

Vivo na louca modernidade,
Mas a verdade é que tenho saudade,
De toda a simplicidade,
Dum mineiro de verdade.

Mineiro de pé no chão,
Que tem vida no coração,
Vive bem a vida,
Na nossa minas querida.

quinta-feira, 11 de março de 2010

Extremos

Extremamente duro, impuro, maduro, orgulho...
Extremamente cansado, amado, achado, mimado...
Extremamente extremo...
Extremo dos extremos.

domingo, 7 de março de 2010

Carnaval

Ele a amava. Vertiginosamente ele a amava! Ela nem se dava conta dele. Para ela, ele não existia. Nunca tinha o visto. Em momento algum da sua tão nobre existência.

Ele vivia a sofrer por amor. Ergueu estátuas homenageando a sua deusa. Ela uma deusa, ele um simples e mero plebeu. Um ralé... um João ninguém aos olhos dela.

Ela vivia desfilando em seus carros alegóricos de deusa do amor dele. Não olhava pra baixo, somente para onde apontava seu nariz. Como um destaque de escola de samba, pouco se importava com o pobre passista que desfilava em blocos, e ainda no chão. No chão da sua insignificância, para ela deusa e destaque do seu, somente seu, carnaval.

O tempo passa... o amor passa... o carnaval passa...

Ela começa o enxergar, o passista do chão, o escultor de tão belas estatuas, o João ninguém. Ele já não a quer. Cansou-se de sofrer. Desistiu do destaque do carro alegórico.

Ela agora sofre em saber que o tão majestoso rapaz já foi perdido por ela em tão belo amor. Amor este, que habita ela agora.

Amor honesto. Amor amado.

Ele se encantou pela porta-bandeira, que como ele, anda no chão. Apesar de esbanjar tantas riquezas na passarela... anda no chão.

Ela o ama. Ele ama aquela. Ela sofre. Ele desfila.

Inverteu-se o amor. Perdeu-se uma história. Começou-se outra.

sexta-feira, 5 de março de 2010

Laços negros

Em graciosos laços negros, ela se preparava para ir à festa. O vestido longo, o véu que colocará sobre seus belos cabelos negros, tão negros quanto os laços que a cercavam. Era a primeira festa depois da morte de seu amado. Estava escandalizada com o convite. Mas a excitação de sair de casa e se embrenhar naquele território maldito, não lhe dava outra escolha a não ser de ir à festa.

O vestido cândido, os laços negros, o véu tecido com o fel da dor que sentiu quando soube da festa e seu anfitrião. Não poderia faltar. Era a chance que queria. Necessitava, aquilo estava em seu sangue desde que ele partiu. Sem chances de chegar e falar. Ela tinha que ir. Era isto que seu coração pedia: “Vá... Siga... Faça...”.

A chegada ao salão foi triunfal. Ninguém acreditava que aqueles belos e graciosos laços negros traziam aquela bela mulher. Mulher sofrida pela dor da perda do grande amor. Amor que se esvaziou ali por perto. Sem chances de se redimir e mostrar ao mundo que não era apenas mais um perdido.

O olhar do anfitrião a cegou. O ódio maldito por aquele maldito não a deixava pensar. Ódio mortal, fé imortal.

Com toda delicadeza, a mesma delicadeza e graciosidade de seus laços negros, ela retira da bolsa de festa a sua ferramenta do ódio.

Seis estampidos gritando ódio!

Somente seis foram necessários para que ela sentisse bem. Aquele maldito que a fizera sofrer por este tempo todo, estava ali. Subjugado. Um lixo. Um nada. Morto... morto...

Baixou a guarda. Retirou o mais belo laço negro e depositou ao lado daquele corpo inerte.

Ninguém teve coragem de pará-la. Todos sabiam o que havia acontecido.

Com a doçura nos olhos e nos gestos, deixou para traz a festa. Afinal, a homenagem já havia sido feita.

Os laços desfeitos.

A paz

Correndo morro abaixo, ele fugia. Todos estavam atrás dele. Desde o garoto vendedor de “balas” até o xerife do bairro. Ninguém o queria por ali. Morro abaixo ele corria. Tropeçava em pedras e paus. Paus esses que eram atirados contra ele pelos seus algozes. A medida que descia ia pensando na cagada grotesca que fez em aparecer por ali naqueles dias.

De repente, dois estampidos... a paz entrou em seu corpo...

Morro abaixo, ele sentiu a vida escapando por entre seus dedos. A sensação de formigamento nas pontas de seus membros lhe trazia a paz. A tão desejada paz que buscava sem parar. Na “bala”, no pó, na erva, no chá. A paz... Lembrou de Gil cantando, “A paz invadiu meu coração. De repente me encheu de paz...”.

Tropeçou mais uma vez e foi de cara ao chão. Nem sentiu dor. Estava feliz com a tão desejada paz. O formigamento já não sentia mais. A dor das escoriações da queda, nem o atormentava. O barato, que havia saboreado a pouco tempo, sumiu. Agora naquele momento só existia a paz.

O melado escorria pelas mãos. O coração que antes acelerado, já não batia freneticamente. O ar estava fresco e livre. A paz o envolvia.

Cinza... tudo cinza... é assim que termina? Perguntou, quiçá obteve resposta. Sem entender mais nada, sorriu mostrando os dentes brancos que neste momento estavam rubros.

O Sol quente, transeuntes para todos os lados e ele ali. Jogado num canto do morro. A vida fugia, mas a paz surgia.

De longe ele observava a cena comovente do moleque que lhe vendia a “bala” acendendo uma vela ao seu lado. Enquanto a maldita joaninha não chegava, ela seria sua guarda.

Virou as costas para a cena e desceu o morro de mãos dadas com a paz.

quinta-feira, 4 de março de 2010

Ao som da luz

O caminho mostra-se limpo. O sol acalora. A lua desponta no horizonte. E mais uma vez, sigo feliz. A vida se mostra quente, ardente. Possibilidades são apresentadas no doce calor da felicidade. A noite cai e com ela me transformo em mais um. Um dos seus, um dos meus, um da vida.

Aventuro... canso... descanso...

Acordo e, de susto, me vejo fora do eixo a que antes pertencia. Pelo vale da sombra caminho nesse momento. O sol que me iluminava desistiu e se refugiou atrás da lua. Novamente sem luz. Nem dela que em outrora insistia em me iluminar. A dor se espalha na escuridão. O amor desaparece. Caminhos tortuosos são oferecidos e perseguidos.

Corro... morro... sofro... durmo.

Novamente me desperto e sinto a luz a me abraçar. A felicidade desponta como os raios de luzes que me circulam. Neste novo eixo que não sei quem sou, quem é. A forte significância de respirar com a luz em volta me trás vida. Fico forte. Atravesso os portais das dores, dos amores e rompo mais uma vez.

Vida... lida... siga...

Sim, é assim. Vai ser, será! Enquanto tiver forças. Enquanto a luz me ajudar. Do sol ou da lua!
 
 
obs.: Texto para ser lido ao som de Villa-Lobos Bachiana No. 5

Tristorosa

"Você é a coisa boa que achei na vida
É quando a paixao encontra o pensamento
Você é a eternidade dentro do momento
É quando a canção enlaça o movimento e paira no tempo

Quem devagarinho
Com carinho fez um ninho no meu coração
Quem foi tarde
Quando cai a tarde sempre é bom saber
Que nunca é tarde para a imensidão amanhecer

Você, coisa bonita que tenho na vida
Única razão do meu contentamento
Você é luz que brilha no meu firmamento
É quando a canção enlaça o movimento e paira no tempo

Quem com alegria
Luz do dia
Fez folia no meu coração
Quem foi quando
Ao cair a noite vem um bem querer
Desaparece toda a solidão
É bom saber

Vai na ventania
Vem num vai-da-valsa
Roda, rodopia num sonho de valsa
Vai na ventania
Vem no vendaval
Vai e vem
Vai no vendaval
E vem

Vai na ventania
Vem num vai-da-valsa
Roda, rodopia num sonho de valsa
Vai na ventania
Vem no vendaval
E vem
E vai
E só vai e vem

Você é a coisa boa que achei na vida
É quando a paixao encontra o pensamento
Você é a eternidade dentro do momento
É quando a canção enlaça o movimento e paira no tempo

Quem devagarinho
Com carinho fez um ninho no meu coração
Quem foi tarde
Quando cai a tarde sempre é bom saber
Que nunca é tarde para a imensidão amanhecer"

Fonte: Música: Tristorosa
Autores: Heitor Villa-Lobos (música)
             Cacaso (letra)

Certo?

De certo, ao certo nada mais anda certo. Nem correto, nem errado. Na verdade nem anda, nem fala, nem ama... Nem nada!

quarta-feira, 3 de março de 2010

Convocação

Meus amigos! Não se assustem! Mas é real, e olha que nem é furgão.

Palestinos ou judeus, brasileiros ou argentinos, atleticanos ou cruzeirenses... não se preocupem com o que vou lhes dizer, mas existe uma única e estúpida verdade. Sim, única! Claro que é estúpida!

Estamos todos nós, não escapa ninguém, caminhando para a Merda.

Sim Merda, com EME maiúsculo e tudo.

Não vá achando que é merda de teatro, porque não é. É merda de fedorento mesmo. Coisa suja. Trem que não vai dar em nada. Aliás, me desculpem, vai dar sim! Vai dar em merda! Opa, mil perdões, é com EME maiúsculo, logo, vai dar em Merda!

O mundo está caminhando para uma profunda e gigantesca Merda.

Não se preocupem, como sou brasileiro nascido na época da ditadura, sei bem o que é viver na merda (esta é com eme minúsculo). E sobrevivi a algumas coisas: Elizeu Resende candidato a governador. Sarney virando presidente da república, Menudos, Dominó e até Xuxa! E tinha também aquele conjunto de “homens” de leque, que graças a Ele, não me lembro o nome.

Faça o que você quiser, tente acertar da maneira que for, mas no final estaremos sempre na Merda.

Não me venha com take easy baby, porque não vai adiantar. Eu sei, eu sinto, eu percebo... a Merda está solta. E nós não temos detergente o bastante no mundo para limparmos tal Merda.

Juntemos todos! Independente da raça, do credo, do time, do sexo. E juntos andaremos de mãos dadas para a Merda. (com EME maiúsculo e ponto final)

terça-feira, 2 de março de 2010

Viva vivida

O dia nasceu com o céu azul, porém, devido ao mal tempo não consigo sentir a luz. Está tudo cinza, tempo feio, manhã chuvosa, ralo entupido.

O brinquedo estragado, tempo parco, o leite fervendo e o pão findado servem para atrapalhar mais uma manhã.

A porta emperrada, o sabão largado no reservatório, o carro grande na vaga ao lado, a chuva caindo, a pedra quebrada e o rádio atrasado me mostram que o dia vai começar frio e gris como a manhã se mostrou logo na alvorada.

Trânsito danado, sinal fechado, carro estragado, via alagada, gente colada... não somos culpados, apenas vivemos a vida fornecida.

O dia cinza, a manhã estragada, a vida vivida.

segunda-feira, 1 de março de 2010

Palavras

Se todas as belas palavras foram ditas,
Se as expressões chulas foram esquecidas,
O quê nos resta agora?

Zelos e erros

Seus olhos negros,
Minha boca carnuda,
Suas orelhas grandes.

Meus pelos,
Seus zelos,
Meus erros.