segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Caetanear

E um sorriso desponta,
Sorriso inocente,
De gente sem dente,
Que em dia de luar,
Com a inocência fulgurante,
Ofusca o mais belo luar,
E só me restará um verbo,
O de Caetanear.

Marcas

Encontros macabros,
Marcados os encontros,
Marcos a marcar,
Vidas a passar,
Sem nada pra marcar.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Pele

Lambe mais uma vez a pele,
Trazendo assim o desejo,
De entrar em ti,
E mais uma vez,
Tornarmos apenas um,
Num só corpo,
Em um só coração,
Com batimentos loucos,
De tesão descontrolado,
Sexo a pele,
Apelo do sexo,
Lambe mais uma vez a pele,
Trazendo assim o desejo.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Cores

Um beijo louco,
No dedo tosco,
De lado a lado,
Sempre,
Verde ou azul,
Talvez roxo,
De fato,
O falo,
Fala,
Mais que apenas,
Ouvimos,
Sós,
Nós,
E nunca,
Na verdade,
É dita,
Bendita,
A besta,
Da voz.

Rio

Eu sei,
Claro que sei,
Viajei entre pontes e navios,
Logo cedo quando cheguei ao Rio,
E sem prontos soluços,
Nem frases prontas na 040,
Segui feliz até Copa,
Onde num único conjugado,
Este, claro que foi alugado,
Em seus braços abraçados,
Noites em dias ensolarados,
Larguei meu corpo jogado,
Eu e você,
Nós dois enamorados,
E hoje em dia,
Na mais bela supremacia,
Casados.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Devaneios 11:44

Vagando pelo escuro da luz, senti meu corpo flutuando sobre o doce luar que me iluminava. Sentimento curto, doce, longínquo e bárbaro. Barbaridade é a minha de sentir isto em pleno êxtase da vida. Vida vivida de vivos viventes. Nobre é o ser que não se arrepende do viver. Viver a vida!, na luz, no escuro, na dor...  bendita é a dor! Esta nobre criatura que nos cerca e nos leva ao amor, ou vice-versa, não sei ao certo. O amor traz a dor, ou a dor traz o amor? O amor e a dor, companheiros de longa caminhada. O amor é a dor? Definições que estão por aí, soltas, esperando a mão majestosa de vossa excelência, a vida, para defini-las. 

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Carmem

Nos seios de Carmem, Anselmo encontrava seu sossego.
Chegava a casa, entre violas e violões, descansava no seio do lar.
Casa de Carmem, seio dos seios, desejos e vontades, satisfazendo-se em sonhos. Volúpias em Carmem, sonhos de carne, seios no seio, carne de Carmem.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

A triste sina de Godofredo

Enquanto cobras e tiús descem pela parede do casebre de pau-a-pique, Godofredo apertava o fumo de seu cigarro, esquecendo-se dos problemas mundano e lembrando-se da amada Sara que o deixara para trás.

O céu escuro entorpecia seu corpo. A cada minuto passado, a cada fumo cortado, a cada ar respirado, ele sofria! Triste e quieto sentado no tronco da árvore que em outrora era o motivo da alegria dos dois.

Ah Sara! – Dizia ao vento que lhe abraçava e gelava teu antigo quente coração. Sara não mais estava ali. A árvore caiu. O céu nebuloso e, para terminar, o entorpecimento já havia conquistado Godofredo e seu fumo.

Pobre Godofredo e seu fumo cortado.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Doce voz de Caetano

Na Avenida Brasil, sentindo a sua pele negra no meu corpo color, ouço infinitas vezes seu olhar descrito em canções líricas. O maestro toca, eu te escuto. Caetano chuta, enquanto eu navego novamente em suas longas tranças e finalmente me perco nos abraços longos de seus braços.

Sem me perder, fixo meu olhar no seu norte, e o seu sorriso alvo, da brancura de sua alma, me limpa. Traz a leveza da dor que perdi no passado e deixei na terra santa. Feliz, sigo até a praça, pois agora, quem me ama é a liberdade.

Liberdade que abracei no momento em que disse sim! Sim, minha clara jovem negra, sim para você, sim para ele que vai chegar num dia de verão, sim para nossa vida. Sim para o mundo que me uniu ao teu abraço naquela tarde de domingo, vendo o sol ir embora e você a me abraçar em seus abraços longos. Sim a tua boca carnuda que me afaga com seu hálito de desejo fêmeo e real. Sim...

O carro para... e junto ficamos a ouvir a voz de Caetano...