segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Nós

Retalhos,
Nós,
Pontos soltos.
Emendas de vidas...

Emendamos a vida,
Aparamos pontos.
Retalhos,
Em flor.

quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Súplica II

Me inspire.
Preciso admirar-te,
como em outrora,
agora.

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Picadeiro

E na comédia da vida, nesse palco colorido de roxo e preto, entra em cena o palhaço no picadeiro. Com lágrimas que descem pela face, o fogo que arde no peito, apaga. Rodeado por aplausos que cortam a carne, abaixa reverenciando o reconhecimento, mesmo ele olhando no espelho e sem maquiagem não o reconhece. Os olhos vermelhos, ao contrário do nariz, ardem. As mãos tremem. O peito pesado. A respiração falha. E em dois minutos a mais de espetáculo,  a colombina abandona a peça. O ato fica falho, o falho falha na vida, a vida desencadeia eventos. A lona cai. E o palhaço que já não faz mais graça, chora. 

domingo, 17 de agosto de 2014

Vai passar

E mais uma vez,
As cinco,
Larga-me só.
Perdido,
Em,
Mim.

Onde está?
Eu, perdido aqui.
E você, aí?
Pergunto,
Só.

Perco meus membros,
Minha sanidade,
E destilo assim,
Toda a minha tristeza,

Dó, ré, mi, fá, sol, lá...

sábado, 2 de agosto de 2014

E quando dói!


Me dói... dói muito, sabe? E quando eu menos espero, vem e me corta. E esse corte sangra. A vida. A flor. Envelopo tudo em fitas de pano coloridas e deposito no meu altar. É complicado dizer tudo isso, nesse momento,  em outros momentos também. A flor do amor que nasceu no alto da montanha verde lilás de pedras coloniais perto do dedo de deus de frente a matriz, florece agora. E eu, negro devoto de são Benedito, me comovo ao te ver passar feliz pelos campos da nascente do Jequitinhonha. Linda flor do centro de Minas que enfeita a nascente do braço do mar. E agora o que faço com tudo isso que me florece o coração? Respiro novamente o ar que me cerca no alto da serra. Fecho os olhos. Sinto sua presença. Falta. Relaxo mais uma noite escutando o rádio ligado no celular. E assim, sem mais ou menos, nem um copo ou corpo, deito e durmo. Acordando assustado com o nascer do dia em minha janela lateral...

segunda-feira, 28 de julho de 2014

Ao tempo...


Tudo ao seu tempo, ao seu tempo – Ela dizia. E ele, nu de alma e envolto a um lençol branco, corria entre os carros. Perdido em si, mesmo nu ou vestido com o alvo, não sabia como viver. E vivia. Triste. Correndo nu. Envolto do lençol branco. E em pouco tempo, raro tempo que tinha, aprendeu, que mesmo sem escolha, tudo, tudo mesmo, acontecia no seu tempo. Ao seu tempo. Mas, para ele, o tempo nunca chegava. E com lágrimas escorrendo sua face, sorria ao sol. Na ânsia de achar o tempo. Aquele senhor velho que existe desde antes da sua chegada por aqui. E todo mundo tinha o seu, menos ele. E ela, sorrindo do alto da serra, apontava em sua direção e dizia, dia após dia, o mantra. E o tempo dos outros corria. E ele, sem tempo, passou...

sexta-feira, 11 de abril de 2014

Abraço

Enquanto nada mais me abraça,
Solto no vento meu grito,
Repito,
Mais uma vez,
Um abraço,
Que passa desapercebido por você,
Que ontem,
Ao chorar,

Gritou e não ouvi...