quinta-feira, 31 de maio de 2012

Expresso 11

Na falta de ti, vem tu – Disse vendo a foto da amada desalmada, tendo o copo de cachaça em mãos.

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Expresso 10


Mesmo com todas as caixas arrumadas, pensou: Ainda não é hora da mudança. Trancafiou novamente o coração e continuou só.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Expresso 9


O cigarro já queimava os dedos, o pano verde riscado, só lhe restava um suspiro. Mirou a vida. Giz na ponta. Bola morta.

Caos ao anoitecer

Na noite,
O caos,
Persigo o respeito,
Desisto,
Reflito.

Na noite,
O caos,
Estrelas,
Lua que passa,
Flor que não nasce,
Vida que segue.

Na noite,
O caos,
Lido com a vida,
Doce,
Sofrida.

Na
Noite
O
Caos

domingo, 27 de maio de 2012

Gira

Aventuras,
Mundo que gira,
Gira mundo,
Mundo mundo,
Nada é,
Nada sou,
Paralelos me traçam,
Traço planos,
Planos em retas,
Retas planas,
Sul que desperta,
Gira,
Mundo,
Mundo que gira.

terça-feira, 22 de maio de 2012

Com você


Chega, vem, corre, me aperte, sinta-me leve e me leve, pra lá além do norte. A noite será quente, o frio ficará de fora. Fora daqui, a vida vai parar.
Vem, corre, me aperte, sinta-me leve e me leve, pra dentro de você. Em seu sul farei a festa, e então, verás que há vida, e para variar, em suas mãos, vou acordar.
Corre, me aperte, sinta-me leve e me leve, para perto dos teus olhos. Será assim, pra sempre, sempre será assim, eu e você, no lado esquerdo de cada um.

Me aperte, sinta-me leve e me leve, para lá. Aquele lugar onde sonhamos, e nestes sonhos, sonhos lilás de vida doce, pisaremos em algodão e nos saciaremos de nós mesmos.
Sinta-me leve e me leve, para sempre, com você.

Expresso 8


Vou abraçar aquela que me fere, e nestes dias de maio, vem visitar-me com tanta frequência. Solidão vem, a porta está aberta.

domingo, 20 de maio de 2012

Expresso 7


Na tristeza do abandono, me abandono e vou respirar o sabor gélido do abandono que adotei.

Expresso 6


É o preço! É o preço meu caro – Disse o ambulante, segurando pela mão uma porção de vida.

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Copos de vinho


“Garçom, um vinho e uma carne” – Foi assim que iniciou a noite. Depois de meses, ele estava lá, novamente, só. “Quero mal passada! Quero deixar isto bem claro, mal passada.” – A noite chegava abraçando, o frio cortante, a solidão saltitante, os nervos a flor, nervos de aço, aço que corta, corta que corta e mata. Filhos, mulher, trabalho, solidão, soleira, sarjeta. Sarjeta logo ali, era questão de tempo, sabia que em breve a abraçaria novamente, beijaria beijos longos e saudosos. Saudade... Saudade de quê? De quem? Nem vem.

“Mais um” – Bradou contra o atendente. Já estava sendo levado leve. Mundo mundano de pessoas tristes. A carne sangrenta. Sangue nos olhos pela dor. Reflexões, reflexos na taça de vidro fino, fino era a dor pontiaguda que o apertava naquela noite de solidão. “Solidão amiga do peito, Me dê tudo que eu tenha por direito”. Lembrava da canção. Era claro que a noite seria em claro, abraçado a ela, com a cara lotada, o torpor da vida. Nem sal nem sol, aliás, o sol sim, este o queimava todas as manhãs, sem ao menos se preocupar com as marcas marcadas em seu corpo.

“A conta, por favor!” – Falou quase chorando com seu verdugo. Sabia que dali pra frente, ou pra fora, a vida não se resumiria em vinhos e carnes. Seria mais dolorida. E naquela noite, em que o frio o abraçava, seria mais difícil. O celular ao bolso, os números discados, as fotos dos filhos, o cachorro do outro lado da calçada, a vida passando. Era assim. A vida, a lida, a bebida e a maldita ferida. Pagou a conta, cambaleando abriu o portão e abraçou a noite gélida. Entre passos e solavancos chegou...

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Algo com algoz

Vago no vazio,
A busca
Do algo,
Que o algoz,
Levou.

Vago vazio,
A procura
Do algo,
Com,
O algoz.

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Olhar

Olhos verdes que flertam,
Olhos negros,
Flertam acertam.

Certos que o próximo,
Está bem,
Próximo.

Aflijam acertam.

Tons verdes,
Mesclados,
Negros tons.

Flertes,
Tons,
Olhos.

Aceite!, a vida é maior que o olhar...

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Em dó maior


Brancos ouriçados,
Caracóis encaracolados,
Mente na mente,
Dureza, frieza, tristeza,
Tereza me consome em notas de dó maior,
Maior dó de mim,
Maio maior,
Maior nota,
Cores lançadas á tela,
Tela rasgada de corpo,
Corpo,
Telas,
Rasgadas,
Vento que me corta neste outono inverno,
Vem e me leva,
Leva leva leva,
Leva a Tereza.