sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

A vida começa as sete


Porta fechada, tranca trancada, a luz entra pela veneziana e esquenta o piso de madeira. Estalos são jogados ao ar. A fumaça do incenso plaina, o perfume preenche e a cortina, com a figura do comandante, esconde a parte esquerda da janela permitindo que a luz só entre pela direita. “A esquerda sempre no poder”, pensou e sorriu enquanto admirava o lustre empoeirado. O corpo já reclamava da inércia. Olhou as horas e concordou. Sim, já estava na hora de ganhar a vida e colocar rumo na caminhada.  Escorou-se no braço esquerdo, elevou o tronco até que se formasse um ângulo de noventa graus, jogou as pernas para fora da cama firmando todo o resto nas mesmas. Grunhiu!, “É, a vida começa as sete...”