quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Choro Negro

Choro.
Meu choro negro,
De soltar quinquilharias.

Izabel já não me quer,
Maria já não me ouve,
E Solange, aquela que dizia me amar,
Já não deseja minha nudez ao findar o dia.

Eu choro.
Meu choro negro.
Aquele, que solta quinquilharias.

Disfarço meus desejos em notas musicais.
Meu sexo afundo em copos cada vez mais alcoólicos .
E minha voz já não brada!, ela se emudece,
Dia após dia.

Há choro.
Meu choro negro,
Ele que lava e leva a vida.

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Seu Brinquedo

O mundo brinca,
Como pião,
Rodo rodo,
E perco-me!
Em ti.
Logo ali...
Braços pernas,
Vem, eu quero,
De uma vez,
Perdido!,
No seu achado,
Roda roda,
Sou pião.          

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Entre almas

Já a mim,
Resta-me o beijo!
Pendurado no canto da boca,
Temendo ser esquecido,
No lenço bordado com seu nome. 

Pior sou eu.
Que mesmo nu,
Defronte ao espelho,
Visto-me com a tristeza
Daquele eterno adeus.

Nada se compara ao que sinto.
Aqui, presa entre tapumes,
A alma desalmada está.
A pobre suspira com tanta dor,
Que tenho até medo
De ir-se embora e deixar-me só.

Ora minha cara, 
Deixemos de choro.

Tempos desconexos 
Esse em que vivemos.

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Palavra

Sintonia,
Palavra de fim,
Numa única volta...

De que me adianta
A tal,
Se o outro é que me seduz?
Do que me adianta
Ser igual,
Se o diferente é que reluz?

Sintonia,
Palavra de fim,
Numa única volta...




quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Pela porta da frente

Vai.
Cuspa!,
O resto de mim
Que ficou
Em você.

O suspiro,
Esse perpetuará.
Como a graça
Do meu último desejo.

Da vida,
Nada,
Nem uma gota,
Ofertada a você,
Será  pilhada.

Lave-se.
E na saída,
Além de mi alma,

Pendure o amor na parede.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Castidade

Essa noite,
Não irei beijar sua boca,
Nem tirar o seu batom.

E por mais que você peça,
Por mais que insista,
Com seu sorriso que enfeitiça,
Encanta e engana,
Finco meu pé!,
Decidido estou.
Me mantenho casto,
De alma limpa.

Essa noite,
Não irei beijar sua boca,
Nem tirar o seu batom.

Em um detalhe seu em mim,
Rompo meus delírios ,
Percorro todo o corpo que deixou aqui,
Cheiro seu cheiro,
Sinto seu gosto,
Reconheço a fraqueza!,
E como Madalena arrependida
Ajoelho-me ao seus pés
E peço clemência...

Mas essa noite,
Não irei beijar sua boca,
Muito menos tirar o seu batom.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Dia de Janeiro

"Dias de janeiro calor demais
dias de janeiro olha como faz
esquentam, é tão bom estar no mar
amo você, amo você
talvez não seja o certo
amo você demais
Eu vou sair
vou ficar só
si o ré diz mi
fa si li dó
eu vou sair
vou ficar só
lá, lá, lá, lá" 

Música Otto 


quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Prelúdio da solidão eterna

E mais uma vez, sozinho. Enquanto passa o mundo, você está aí. Longe. Distante das minhas mãos. Mas meu coração não sabe. “Estou a dois passos, do paraíso”. Dou um respiro prolongado, na tentativa boba de tirar o resto dessa ansiedade circular. Fecho os olhos. Sinto você novamente ao meu lado. Um amor silencioso. Quadris mexendo. Dedos entrelaçados. Em riste, mas pouco a pouco, vencido.  Cheiro você em meu travesseiro. Sua foto na parede esquerda do canto direito da cama. O universo conspira...

“Mais uma vez eu vou te deixar”

O sol entra pela janela. Aquece a pele. Olho para o lado. Não te vejo. Novamente dou um respiro prolongado. Espero um sinal de você. Nada vem. Corro até a escada e fico olhando a rua. O tempo corre. Zune. As “idéias não correspondem aos fatos”.  Meus cabelos cada vez mais esbranquiçados. Seu sorriso me enche o peito. Lavo o rosto com a água que inunda minha face. Face a face com a solidão. Ela no portão, você aí e eu, o mais cruel de todos, aqui. Só.

“Mais uma vez eu vou te deixar”

Passo o café da manhã. Acendo um. Na fumaça que segue até a mata, deixo você ir. Novamente. E agora...

“Mais uma vez eu vou te deixar”



quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Tempo

Tento me manter afastado de tudo, ou quase tudo. Tudo que me machuca, que mata, maltrata e arrebata o pouco do que ainda sou e quero ser. E corro contra o tempo. Já esse, corre ao meu encontro.

Fale alguma coisa. Agora. Deixe que a palavra saia da sua boca, da mesma forma que o falo entra e sai. Beije-me. Loucamente. Como fez da última vez que frequentou meu corpo. Navegue em minhas partes. Parte por parte. Cada pedacinho de mim em você. Não quero mais nada. A partir de agora. Nada quero. Quero nada.


Tenho sofrido... e só.