E foi pela manhã, numa destas manhãs onde o tempo passa seco, que senti o amargor pela primeira vez. O fel saltou-me a boca, roxa pelo frio imenso que fazia na capital das Gerais. Porém, seco como o tempo, foi o telefonema que recebi logo quando me desvencilhei do ededron negro que me encobria e fingia me proteger da cáustica temperatura. A voz metálica, do outro lado daquele estúpido aparelho, me cortava aos poucos. Retalhava o que havia sobrado da noite anterior, onde nuvens negras passavam junto ao céu e ao cume da Serra do Curral. Era a dor!, a tal dor que tantos haviam me dito. Maldito sejas tu, que resolveu me ligar e me lembrar do assassinato ocorrido ali perto de mim. Eu não tive culpa, já havia esquecido o ocorrido, mas você não aceitou, e agora, depois de tanto tempo, insiste em me arrastar para o inferno de lembranças. Você sabe que lutei, por várias e várias vezes, batalhas descomunais, noites em claro, dias a fio, mas enfim, fui vencido. E ele teve o direito divino de extinguir a vida que vivia ali. Foi duro ver a vida exaurir pelos seus olhos, sentir o peso da mão dele depositada em meu ombro, ali, no sofá negro da sala branca. Noites em claro, dias sem luz, nocivas pitadas de solidão depositada no porão de onde ele vivia. E mesmo assim, você me liga e me faz reviver todo este turbilhão de cheiros, cores, dores e rancores. – Sinto uma mão a me sacudir. Levanto os olhos para o alto e vejo Ernesto. Ele já está de pé. Ergue a mão direita e me mostra que o céu desta manhã está mais azul do que da semana passada neste mesmo nome de dia. Avisa que a caminhada vai ser dura, mas temos que continuar nossa expedição. Arrumamos toda a bagagem, ele segue em frente. Respiro e vou atrás. Vamos Ernesto!, a vida nos espera.
sexta-feira, 30 de setembro de 2011
quinta-feira, 29 de setembro de 2011
Perdi a hora
Eu sei, já é tarde e novamente perdi a hora. Não!, não vá embora, muito menos agora, fica mais, espere o café passar. Café com torradas e acompanha aquela geléia de goiaba que você tanto gosta. Uma fatia de queijo minas frescal? Claro, também gosto do suco de pêssego. Não, ainda está cedo,como você mesmo já disse, perdi a hora. Vamos tentar? Sempre... nunca deixei de pensar. O que você quer almoçar? Vai!, almoça comigo... serei sua sobremesa! Achou brega?, apenas estou tentando recuperar a hora perdida. Eu sei, passou o tempo, passou o dia, passou o amor... perdi a hora.
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quarta-feira, 28 de setembro de 2011
sexta-feira, 16 de setembro de 2011
Desistência
Em um copo,
Em um morto,
Ócio, ódio, ópio, AH!....
Achei,
Assim,
Minha vida,
Rasa.
Um, dois, três minutos, perdi, o sentido, de tudo.
Em um corpo,
Achei,
Assim,
Minha vida,
Castra.
Tu, ele, vós, eles. Não havia mais espaço para eu e nós.
Achei,
Assim,
Minha vida,
Findada.
Ócio, ódio, ópio, AH!....
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quarta-feira, 14 de setembro de 2011
Mulher azul
Em teu corpo, me encontro, nu!,
E desvendo teu corpo blue.
Lembro de meu amigo DJ,
Que num relance de acuidade,
Foi a Paris,
Ele, feliz como eu,
Descobriu a mulher blue,
Minha woman azul,
Our mulher azul.
E desvendo teu corpo blue.
Lembro de meu amigo DJ,
Que num relance de acuidade,
Foi a Paris,
Ele, feliz como eu,
Descobriu a mulher blue,
Minha woman azul,
Our mulher azul.
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segunda-feira, 12 de setembro de 2011
Tereza
Lembranças de Tereza,
Na janela do quarto,
Veio assim de leve,
Quase abstrato.
Numa luz branca,
Que pela janela,
Serviu-nos de manta,
E nos fez tela.
Nu, resolvi dormir,
E como nunca, a abracei,
Ela ao meu lado a sorrir,
Iluminado, dormi e sonhei.
Ah!, minha bela Tereza,
Que nos faz sonhar,
Na alegria ou tristeza,
Venha nos visitar.
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quinta-feira, 8 de setembro de 2011
A cor do amor
Arrasto,
Sigo,
Ao canto,
Enxugando,
Meu roto,
Pranto,
Cor,
Lilás,
Dele,
O,
Amor.
Ali,
Vejo,
Seu rosto,
Desejo.
Desespero,
Penso,
Desisto,
Reflito,
Regozijo,
Lilás.
Sigo,
Ao canto,
Enxugando,
Meu roto,
Pranto,
Nada,
Nunca, Cor,
Lilás,
Dele,
O,
Amor.
Agora,
Perro,Ali,
Vejo,
Seu rosto,
Desejo.
Desespero,
Penso,
Desisto,
Reflito,
Regozijo,
Lilás.
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terça-feira, 6 de setembro de 2011
Me mata
Eu sei que a vida tem volta,
E até Deus escreve por linhas tortas,
Mas saber que você não volta,
Me mata...
Até ele já não sorri tanto,
E saber que você não volta,
Me mata...
Mas saber que você não volta,
Me mata..
Mesmo com lagrimas a rolar,
Deixo a esperança brotar,
De um dia te ver a porta adentrar,
Mas saber que você não volta,
Me mata...
E até Deus escreve por linhas tortas,
Mas saber que você não volta,
Me mata...
Procuro pelos meios,
Ando pelos cantos, Até ele já não sorri tanto,
E saber que você não volta,
Me mata...
Fico aqui sentado na poltrona,
Idiota namorando a porta, Mas saber que você não volta,
Me mata..
Mesmo com lagrimas a rolar,
Deixo a esperança brotar,
De um dia te ver a porta adentrar,
Mas saber que você não volta,
Me mata...
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quinta-feira, 1 de setembro de 2011
Cheiro
E o cheiro do almoço invade o ambiente. Enquanto seu perfume permanece por aqui. Felicidade tem cheiro. E eu sinto... Sinto que a tua presença é cada vez mais marcante. E que a noz-moscada não é nada perto de você, que chega sorrateiramente e me marca a boca com a explosão do sabor do teu beijo. Com suas unhas pintadas do vermelho pimenta, me cravam as costas deixando mais apimentado meu momento do que se fossem as malaguetas do armário. O calor do teu corpo faz meu sangue ferver. E o cheiro do almoço some perto do teu cheiro de fêmea-mulher que me entorpece os sentidos. E o sentido do dia passa ser você, só você que é a minha felicidade, e eu sinto o cheiro dela, de você, de nós em um só espaço.
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