quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Sonhos intraquilos de Ernesto

Na mais nova viagem intranquila, onde monges tibetanos tomam o chá de origem amazônico e nordestinos se sacolejam ao som da mais bela polca, sinto meus pés estremecerem a cada pegada que encontro.

Profundamente obeso com o volume adquirido nos últimos anos de escalada ao Everest, eu e Ernesto, desistimos, por hora, de chegar ao Taj Mahal passando pelo Obelisco, afinal, o congestionamento registrado ali, na Nove de Julho, é simplesmente caótico.

Entristeço com a novidade lançada ao espaço, ninguém merecia passar pela entrada apertada do monumento erguido no fim do último dia da escalada das ações, nada humanitárias, da Bolsa de São Paulo.

A crise que vivo, Ernesto insiste em dizer que é passageira, me trai os mais belos pensamentos a respeito da imigração dos patos selvagens vindo do Canadá. Não sinto mais prazer em olhar para o blue Sky de Belo Horizonte e não mais encontrar o beija-flor perdido em filmes que nunca vi, ou até mesmo, que não dirigi.

O tempo me convence mais que Ernesto, e o odor vindo de minhas rugas centenárias provam que a vida é única. Não existe dinheiro barato, assim como remédio para minha economia que vai de vento e polpa arrebentando o meu esforço de me manter cético ao novo plano de expansão da trajetória humana.

Esqueço tudo e aprendo novamente com as pegadas achadas. O caminho é único. A devoção é divina. O triste é alegre.

A intranquilidade me abraça de tal maneira que me sinto limpo e inerte ao seu poder. Embriago-me em seu licor, me sujo em sua cor, assim, desta única e terrível maneira, a viagem contínua... intranquila e obscena. Tomo o chá e sigo dançando. Ernesto vem junto.

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