Tarde da noite, um desejo, o copo findado sobre a prateleira,
doses cavalares de álcool. Paisagens passam pela cabeça. Lágrimas descem e
encantam o peito aberto e rasgado, maisumavez.
Estava tudo tão perfeito. Havia um copo, um corpo, um coito, um... um...
E agora, estou aqui, novamente, só. Somente a solidão me abraça, seja em dias
senis ou juvenis. Ela chega, abre a porta, expulsa quem quer que seja e me
abraça. Leva pra cama. Coloca-me em teu colo aveludado. Me amamenta com suas
grandes e divinas tetas, e finalmente, adormeço.
O dia amanhece, e novamente, a dor chega. Chega, rasga,
praga, me larga, me deixe, quero encontrar alguém, correr pelas ruas da cidade,
gritar na Praça Sete e demonstrar a cadaumqueviveporaqui, que estou vivo.
Vivo!, e vivo. Vivo pra viver a vida. Alegria contagiante de corpo e cor. Cor.
Amarelo, verde, vermelho, azul e lilás. Fortes e alegres. Alegria me invade o
corpo. Largo o copo, abraço o sol e me enfeito em cores. E com um pequeno
espasmo de vida, reencontro um novo sorriso. E flerto com a vida. Ela chega, me
abraça, me leva aos céus, arranca minha roupa, deita-me em lençóis alvos e me
come. Unhas, dentes, saliva e sodomia...
A noite aparece, com ela um copo, sem corpo, sem nada, sem
vida, sorriso não há, beijos não os tenho, carícias me abandonam em pele flor.
Mãos aos cabelos e cantarolo o Tremendão: “Mas eu não
posso, não posso, nasci para chorar”
Texto inspirado em "Nasci para chorar"
http://letras.mus.br/roberto-carlos/48636/