terça-feira, 16 de março de 2010

Sentindo Lupicinio

“Nunca, nem que o mundo caia sobre mim. Nem se Deus mandar, nem mesmo assim. As pazes contigo, eu farei.” – Ele seguia a rua em direção a sua casa cantarolando...

Descia a Salinas pensando na amada que o havia feito de otário. Como ela pode fazer isto comigo? – se perguntava entre os suspiros mais profundos de tristeza e decepção. Mais um trago do whisky barato descia arranhando a garganta.

A cada esquina um choro. A cada golo um consolo!

O telefone toca e ele, bêbado, vê no visor o telefone da tão infiel mulher. Não pensa duas vezes antes de desligar. Telefone desligado e mais um trago goela abaixo.

Suspiro de dor. Suspiro de amor. Suspiro... Mais um golo do whisky falsificado goela abaixo.

O orgulho ferido, a dor sentida, o sexo roubado. A roupa molhada da chuva e da vergonha sentida ao vê-la com outro na esquina maldita da Contorno com Andaluzita.

“Saudade, não esqueça também de dizer. Que é você quem me faz adormecer. Pra que eu viva em paz”.

Na última esquina, no último poste o último golo. Encontra o portão do prédio e ali mesmo adormece na chuva que limpa sua alma, com o álcool que desinfeta o seu corpo.

Um último suspiro... a última vida.

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