sexta-feira, 9 de julho de 2010

Êxodo maldito

Será que você esqueceu-se da existência deste ser que precisa tanto da sua benevolência? – começou assim a carta ao amado, que a deixara a esperar durante meses. Ele, um rapaz alto e alvo, partiu do interior de Minas Gerais para a capital. O grande sonho da cidade grande. Ela ficou lá. Na pequena cidade onde todos sabem de tudo, e tudo se sabem de todos.

A esperança da volta era tão grande quanto a certeza do abandono. A incerteza do amor, vivido entre os dois, de ser lembrado e amado pelo amado distante. Havia três meses que ele não respondia mais a nenhuma carta. Nenhum telefonema. Nem email ele mandava. E com isto, o coração ficava cada vez mais apertado.

Ah vida ingrata! Logo ele, a quem ela presenteou com seu amor verdadeiro? Dores pelo corpo da alma alfinetavam a todo o momento.

Beijos Magali – finalizava assim a carta. Dobrou com carinho, espalhou um pouco de perfume, presente do amado, e colocou no envelope. Caminhou até a porta, destravou a tranca, girou a maçaneta... de susto encontrou com ele. Parado ali, na soleira da casa.

Alto e alvo, a pegou nos braços e morreram uns nos braços do outro. Num único beijo. Num único amor.

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