quinta-feira, 29 de julho de 2010

Lembrança da infância

Assentado sobre o meio-fio cuspia em cima das formigas que passavam debaixo de suas pernas. Costumava ficar assim sempre que era repreendido pela sua mãe. E isto era quase que constante. Não nesta época, mas sim quando ainda era moleque. E pirralho como era, sempre levava um puxão de orelha. Fazia uns bons anos que não ficava naquela posição de pensador. Porém, naquela manhã de julho, ao acordar com a luz do sol a queimar seus pés sobre a cama, ficou jururu. Lembrou dos problemas mundanos que tinha que resolver e ficou assim.

Mas o que realmente o incomodava naquela manhã, depois de se pegar na posição de criança, foi a danada saudade da mãe. Com a correria do dia-a-dia não tinha tanto tempo para vê-la. Era um eterno corre-corre. Mas naquela manhã de julho, o coração apertava e a saudade aumentava. As repreensões corretivas da mãe, também surgiram na memória: “Menino, sai da rua e vem estudar”. Conselhos, dizeres, reclamações, sobretudo o carinho maternal. Isto lhe mexia o coração.

Levantou a cabeça, mas antes fez questão de dar uma última cusparada em uma saúva que passava por ali, pegou a chave do carro no bolso direito da calça e partiu em direção a casa da mãe.

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