sábado, 12 de junho de 2010

Logo por ela.

Eu não amo mais. Apesar de demonstrar este sentimento com tanta facilidade, não acredito mais no amor. Talvez tenha amado até ontem, ou quem sabe até hoje pela manhã. Cansei desta prosa de amor. Na verdade não sei se é prosa ou se é farsa. Ao certo mesmo é que me cansei deste louco e insano blábláblá. Minhas unhas, vermelhas agora, estão mais frágeis. Meu saco murcho. E você sentada naquela esquina se deliciando com outros e outras. Não quero mais falar de amor. Ele não existe. Eu não existo. E refletindo calmamente nós nunca existimos! – Com uma força descomunal ele terminava o ponto de exclamação.

A força foi tão bruta, que rasgou o papel tenro do bloco que ficava disponível no quarto do hotel. Com os olhos umedecidos pelas poucas lágrimas que ele permitia escorrer na sua face, voltou-se para a janela. Do décimo oitavo andar admirava a Bacia de Santos. Longe de sua terra infortunamente descobriu a traição rondando em sua casa. Logo ela que ele tanto amava. Logo ela pela qual, ele, dedicara todo o sentimento mais nobre. Logo ela que um dia jurou fidelidade no altar. Logo ela.

Leu novamente o que acabara de escrever. E envolto de soluços, estes mais verdadeiros que o sentimento expressado por ela, embolou o papel e jogou no lixo. Voltou para cama, e com o sono que havia chegado depois de engolir os dez calmantes, desmaiou pensando nela. Logo nela.

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