Sigo por aqui. Saudades tenho do jacu no quintal, dos meninos correndo pela área afora, das manhãs chuvosas, do cheiro da grama molhada, do barro amassado e repassado por eles na varanda, dos sonhos roubados e assassinados. Assassinatos que foram iniciados naquela primeira quinta-feira e finalmente aniquilados naquela próxima terça-feira. Os dois dias chuvosos!, talvez, Ele estivesse chorando pela sorte que eu estava tendo naqueles dias.

As crianças foram levadas para outro lado do pátio, deixando para trás a companheira inseparável e mais amável. Não tiveram escolha, o ladrão de sonhos chegou e apoderou-se dos seus últimos instantes de felicidade, deixando para nós, que ficamos vivendo o pesadelo da perda, a dor e a saudade amargurada daquelas manhãs, das algazarras, da cabecinha pela tela protetora, do arame sendo retocado a cada tentativa triunfante de um pouco mais de liberdade.
A companheira amável vive triste esperando que um dia, quem sabe, seus amigos pretos e brancos reapareçam para brincar pelo pátio. Novamente algazarras pelo quintal, o barro sendo amassado e espalhado pela varanda. Mas desta vez não quer mais a tela protetora. Infelizmente não compartilho da inocência de criança que ainda não conhece a dor do roubo de sonhos. Sei que no outro pátio ficam correndo e aproveitando o afeto que Ele pode proporcionar. Afeto maior e mais amoroso que o nosso.
Há um ano...
Nenhum comentário:
Postar um comentário