terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Um ano sem

Sigo por aqui. Saudades tenho do jacu no quintal, dos meninos correndo pela área afora, das manhãs chuvosas, do cheiro da grama molhada, do barro amassado e repassado por eles na varanda, dos sonhos roubados e assassinados. Assassinatos que foram iniciados naquela primeira quinta-feira e finalmente aniquilados naquela próxima terça-feira. Os dois dias chuvosos!, talvez, Ele estivesse chorando pela sorte que eu estava tendo naqueles dias.

As crianças foram levadas para outro lado do pátio, deixando para trás a companheira inseparável e mais amável. Não tiveram escolha, o ladrão de sonhos chegou e apoderou-se dos seus últimos instantes de felicidade, deixando para nós, que ficamos vivendo o pesadelo da perda, a dor e a saudade amargurada daquelas manhãs, das algazarras, da cabecinha pela tela protetora, do arame sendo retocado a cada tentativa triunfante de um pouco mais de liberdade.

A companheira amável vive triste esperando que um dia, quem sabe, seus amigos pretos e brancos reapareçam para brincar pelo pátio. Novamente algazarras pelo quintal, o barro sendo amassado e espalhado pela varanda. Mas desta vez não quer mais a tela protetora. Infelizmente não compartilho da inocência de criança que ainda não conhece a dor do roubo de sonhos. Sei que no outro pátio ficam correndo e aproveitando o afeto que Ele pode proporcionar. Afeto maior e mais amoroso que o nosso.

Há um ano...

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