quinta-feira, 29 de abril de 2010

Eu disse tchau quando fechei a porta do carro

Eu sei bem o que quis dizer quando fechei a porta do carro e disse um indecente tchau. Não foi uma despedida simples, tão pouco corriqueira, foi o final. Final do ciclo que se iniciou e findou-se ali, naquela esquina. Esquina fétida como o cheiro terrível do teu perfume que prefiro nem dizer ou sentir. Sabe muito bem o que vivi. O inferno, o umbral, minha vida sem vontade. Não respirava, não amava, não sentia nada.

Eu sei bem o que quis dizer quando fechei a porta do carro e disse meu derradeiro e sólido tchau. Estava abrindo a porta da minha vida, do meu ser, da minha colônia. Sei bem, você se fez de vítima. Eu descobri por meios tão melancólicos que me fazem envergonhar de mim mesmo. Eu sei bem. Olhei em seus olhos. Invadi cada pedaço de falta de pudor nesta tua vida ínfima. Vida crua, nua, impura.

Eu sei bem o que quis dizer quando fechei a porta do carro e disse meu bombástico e translúcido tchau. Era o passaporte que você tanto esperava. Que minha alma desejava. Que o universo dependia para continuar girando em torno do sol. O meu sol. O meu universo.

Suma pessoa nefasta. Coisa nojenta. Estúpido horrendo. Suma... desapareça!, deixe os raios do amor e da compreensão se aconchegarem em meu vazio coração. Eu disse tchau quando fechei a porta do carro.

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