quinta-feira, 22 de abril de 2010

Noite de rei

Meio da manhã. Avenida Silva Lobo. Uma praça infestada de crianças e jovens. Trânsito infernal. Finalmente um lindo céu azul enfeitava aquela manhã turbulenta do lado de fora. Mas por dentro, a satisfação enorme o abraçava o coração. O mocassim azul, a bermuda branca e uma mulher estampando sua camisa. Ele descendo a avenida assoviando uma bela canção do Cavaquinho.

O corpo solto, sorriso largo, sol quente, trânsito infernal. O cheiro do amor bem feito o cobria e fazia com que tivesse boas recordações naquela manhã. Apesar do álcool consumido com abusos na noite anterior, a noite de rei, com a qual foi presenteado, não sentia a maldita dor de cabeça que sempre o esperava pela manhã.

Um carro passa, um cachorro mija na calçada, um moleque vende bala na Platina, um velho pede ajuda para sobreviver. E ele, alheio a tudo, continua seu caminho sem se preocupar com nada. Estava leve. Limpo. E finalmente feliz. Esquecido de tudo, até mesmo do cheque especial que lhe consome duzentos por cento ao ano. Queria lembrar-se de nada, somente da noite de rei.

Entra no metrô, assenta com o coração, fecha os olhos e finalmente chega à santa terra. Tereza o esperava no portão da Mármore.

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