domingo, 11 de abril de 2010

Vida de pobre

Lá no alto a alvorada chega mais cedo. È assim, pessoas levantam correndo, arrumam suas marmitas com a comida que sobrou do jantar. Passam ligeiramente um bife, claro que isto acontece quando recebem a benção do Senhor de possuírem o tal bife. Fecham rapidamente tudo e colocam na bolsa. Um café preto com o pão com a margarina mais barata do mercado goela abaixo. Uma baforada em cada sovaco do álcool misturado com bicarbonato. E finalmente vão para a rua.

Pensa que acabou o sofrimento? Ilusão de Maria Pezinho. Nada meu filho... ainda tem a maratona do ônibus. Ponto cheio, multidão enraivecida com a demora do lotação. Bolsas à frente, mochilas para trás, cheiro de comida espalhada pela rua. Dez minutos e nada. Vinte minutos e finalmente um carro aparece na esquina. A multidão entra em polvorosa. O busão para, a porta é aberta, e só neste momento que começa a competição de quem pega o assento primeiro. Terminado esta prova começa automaticamente a de quem fica por último. Passado alguns minutos, o busu lotado. Corpos espremidos pelo corredor afora. A mistura de odores de comida fica mais intensa. E lá vai o ônibus embora. Seguindo despejando gente até o centro da cidade.

Vida sofrida é esta do povo do morro. À volta para casa não é muito diferente. A não ser das marmitas vazias e a troca do ponto final do lotação. No resto é a mesma história.

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