Sentado no boteco, ergue a mão e pede mais uma. Uma boa dose da felicidade ardente é colocada no copo lagoinha. Até na risca – falou meio embolado.
Trago na risca do copo, voz embolada, olhos vermelhos. Retira da carteira a foto da mulher que o havia deixado. Esta sim o fez sofrer como um cachorro a beira da loucura.
Me dá uma ficha! - Estica os dois dedos e recebe um papel com código de barras. Dirige-se a jukebox escolhe uma música e espera a sua vez de escutar os versos escolhidos.
Os primeiros acordes da canção são dados. Um gole longo e profundo mata a última dose servida. Quero mais uma! – Completamente bêbado, começa a chorar enquanto Manacé vai destruindo o resto do orgulho que ainda tinha.
“Ah, quantas lágrimas eu tenho derramado; Só em saber que não posso mais; Reviver o meu passado”.
A dor sentida, o abandono sentado no banco ao lado, a mulher perdida.
Milhares de planos destruídos, os filhos que nunca mais irão nascer. Só lhe restava o companheiro de outrora. Este sim, nunca o abandonara. Sempre ali. Na risca. No lagoinha.
“Eu vivia cheio de esperança; E de alegria, eu cantava, eu sorria; Mas hoje em dia eu não tenho mais; A alegria dos tempos atrás”.
Mais uma dose – desta vez chorando prantos intermináveis grita ao atendente do balcão.
“Só melancolia os meus olhos trazem; Ai, quanta saudade a lembrança traz; Se houvesse retrocesso na idade; Eu não teria saudade; Da minha mocidade”
Pedido atendido, golo tomado, tontura sentida. Termina de escutar os últimos versos. Chora mais um pouco, limpa as lágrimas dos olhos vermelhos de dor, e finalmente sai.
Segue a rua cambaleando na esperança de que algo aconteça e absorva aquela toda dor.
terça-feira, 6 de abril de 2010
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