segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Costelinha com ora-pro-nobis

Entre todas as trinta mil pessoas que me circulam, eu queria apenas que você estivesse aqui.

Não temos Leblon, Botafogo, Piscinão de Ramos e nem orla.
Tenho o coração bombando.
Tenho o sentimento mais tenro e perfeito do universo.
Só não tenho você.

Você que deveria estar aqui. Do meu lado, trazendo alegria com teu sorriso.

Tem jazz, lounge, black music. E daí se não escuto o Juízo Final?

Você me faz falta. Não tenho mais medo de assumir o teu corpo, a sua pele, a sua voz e a sua alma. A minha alma. A nossa alma.

Tudo isto me faz falta. Você me faz falta. Nós dois me faz falta.

De maneira singular sinto você. A cada instante sinto você. A cada momento sinto a falta de você.

Que Bologna fique na Itália, e você em minhas mãos, aqui nas Gerais, terra de onde você nunca deveria ter saído.

Proponho-te uma troca! Larga este maldito molho de carne moída e fique com a costelinha com ora-pro-nobis.
Aceita?

p.s: Texto revisado por Ricardo Ô Divino

Um comentário:

Anônimo disse...

A vantagem em se trocar molho a bolonhesa por ora-pro-nobis,
ou o contrário, é que em algum momento, antes mesmo do fim,
você terá a certeza de que escolheu bem ou não. Não há meio termo.
Se há dúvida, você escolheu mal. Mas estamos falando de escolhas, que dependem de muita
coisa, não só do sabor. Entendi isso muito nova, quando era obrigada a comer muita verdura. Todo dia. Chorava, vomitava, sofria. Ficava pensando que ‘daqui a pouco terei de comer verdura’, e já não me importava mais com o bife ou a batata frita.; tinha a verdura. Sei que poderia comer junto, misturar tudo. Mas aí perderia um pouco do sabor de cada um. Aí o prazer se misturia com o sofrimento; já seria outro prato. Até que uma vez levei mais de uma hora pra almoçar, pra irritar minha mãe. Ela me disse que não tinha problema, desde que eu comesse
tudo. Foi aí que veio a luz. No dia seguinte separei bem a verdura do arroz, do feijão e da carne, pra não contaminar. Então dividi o montinho de verdura em três partes. Respirei fundo e pus toda a primeira parte na boca. Mastiguei sem respirar e engoli. Tomei um pouco d’água. Na seqüência, fiz o mesmo com a segunda e a terceira. Meu irmão, perplexo, gritou: mãe, a louca tá comendo a verdura toda de uma vez! Minha mãe veio e se sentiu ofendida, desafiada. Não disse nada, nem podia. Finalmente saboreei com êxtase a verdadeira comida. À custa de uma escolha que, se não envolveu apenas prazer, deu ao momento um sabor único, lento, meu. Extremamente cuidado e desejado.